BALLET É MAIS [POST 1]
15 de novembro de 2015
Por Laura Burity
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As diferentes perspectivas do ballet contadas por pessoas reais.

O ballet é o tutu, as luzes, a música clássica, a sapatilha, mas sinceramente? É muito mais que isso.

Imaginar que o ballet é “apenas” um espetáculo seria ignorar todo um processo composto de muitas aulas, suor, cansaço, força, competitividade, decepções, machucados que vão dos leves às lesões graves, traumas e terapias e, por outro lado, todo o glamour, brilho, inspiração, educação, disciplina e resultados que, somados, aperfeiçoam uma história até chegar no palco.

Para nós do Nas Pontas, é a parte mais interessante!

Nosso blog tem o objetivo de destacar todo esse processo e, para começar, escolhemos publicar histórias de pessoas que, de alguma forma, se deixaram envolver pelo ambiente dessa arte.

Montamos um colar de pérolas: cada uma tem um tamanho e brilho diferentes, porém foram unidas pela mesma experiência e todas com muito valor. Aqui você vai encontrar um pouco da jornada que moldou cada pérola. Cada pessoa aqui representada, bailarinas profissionais, ex-bailarinas ou espectadores – relatam um pouco de como o ballet nasceu e se desenvolveu na sua história e como ele faz parte do brilho que cada um irradia hoje.

Nicole Guarino, 30, bailarina na The Mark Bruce Company e fotógrafa.

“Comecei a dançar aos 4 anos de idade e hoje, aos 30, ainda tenho o ballet como um companheiro do dia a dia. Apesar de não subir aos palcos nas pontas (meu negócio é dançar descalça ou de meia atualmente), minha preparação para a cena ainda involve muitos pliés e tendús. Até mesmo num período distante dos palcos, devido a uma cirurgia, o ballet esteve presente através da fotografia; paixão que descobri durante este tempo. Mais recentemente comecei a dar aulas de ballet clássico tanto nas companhias que danço quanto em escolas de dança na Inglaterra. Por mais que pense algumas vezes em largar mão desse mundo da dança quando me dou conta já é tarde demais, estou na meia ponta pirouetando; pela vida afora!”

Manuela Gattai, 26, dona de escola de ballet e bailarina.

“O ballet sempre foi e é imprescindível em minha vida. Comecei a me familiarizar com ele desde pequenininha. Cresci um pouco e me tornei uma bailarina profissional. Cresci mais um pouco e abandonei-o por seis anos, como por rebeldia, queria experimentar a vida do lado de fora! Bom, finalmente amadureci e parei de lutar contra a minha natureza. e novamente me entreguei de corpo e alma. Hoje ensino ballet para crianças, adolescentes e adultos no meu pequeno e aconchegante estúdio na Irlanda, faço parte de uma companhia independente, desfilo, esporadicamente, na ponta dos pés para jovens e inovadores estilistas irlandeses; enfim hoje eu sou feliz! E luto pelo meu sucesso dentro do mundo da dança, onde sempre pertenci. Uma vez bailarina, sempre bailarina.”

Victoria Oggiam, 26, bailarina do Balé da Cidade de São Paulo.

Menina normalmente começa cedo o ballet. Nessa fase as que amam ou as que só vão para a escola para encontrar as amiguinhas bailarinas já criam um amor por tudo isso que pode virar uma grande paixão e seguir pela escola da vida. Trabalhar com arte é uma dicotomia para lidar com este prazer pelo que faz e a perda do encanto da paixão que acontece muitas vezes quando vira trabalho, registro e horário. Dançar profissionalmente exige muito mais que apenas gostar do que faz, tem que AMAR MESMO. É a mistura do prazer daquela paixão com o desgosto de lidar com a rotina da dor e da persistência do aperfeiçoamento e muitas vezes lidar com egos super-inflados e muita competição. Significa a rotina de ensaios e viagens mais presente do que a convivência com sua família e amigos. Seus colegas de trabalho muitas vezes fazem este papel. EM cena a dança encanta. É uma arte que é sempre citada como linda e muitas vezes leve. A rotina da bailarina profissional não é como a cena. O bailarino abre mão de muito da sua vida para conseguir o prazer em dividir esse momento da cena com o público na sua melhor entrega para ter uma troca continua. Para fazer todo o sacrifício da rotina de ensaios e vida valer a pena no final com os aplausos que renovam nossa alma para no dia seguinte, tudo começar novamente.

Tomás Bedrikow, 24, estudante de direito, espectador.

“Nunca fiz ballet. Acho que um dos primeiros contatos que tive – ou pelo menos uma das primeiras lembranças que tenho envolvendo ballet, é aquela cena das hipopótamas de Fantasia, dançando graciosamente a Dança das Horas, com seus delicados tutus. Mais recentemente, me lembro de ter ido assistir o primeiro solo de ballet da minha querida amiga Julia Casella, experiência que imagino ser a big deal na vida de uma bailarina. Além disso, sempre gostei de assistir o Quebra-Nozes na época do Natal e ser transportado, através da dança, para aquele mundo encantado. Outro ponto importante que devo destacar, como apaixonado pela moda e sua história, é a relação dos grandes costureiros com os figurinos de ballet, fator que acho importantíssimo para ajudar a criar a magia do espetáculo. Assim, o ballet, para mim, é uma forma de expressar, através da dança, nossos mais profundos sentimentos, atingindo individualmente a todos os espectadores.”

(menos de 1 ano depois deste post, o Tom começou a  praticar ballet e também teatro musical!)

Flavia Meneghello, 26, trabalha no Tribunal de Justiça de São Paulo.

“Falar do ballet é despertar lembranças de muitos dos melhores momentos que já vivi. A ansiedade antes de entrar no palco, o orgulho de vestir aquela fantasia linda, o entusiasmo da sapatilha nova, as viagens com os amigos e professores, os aplausos depois de uma apresentação. Isso nunca será esquecido. O ballet me ensinou a ter disciplina, comprometimento, respeito e dedicação àquilo que se faz por amor. Até hoje me pego fazendo alguns passos enquanto estou sozinha ou quando ouço alguma música que me remeta a esse tempo tão maravilhoso. A dança é uma arte mágica que somente quem se entrega de corpo e alma consegue entender.”

Claudia Carvalho, 30, Professora de Ballet, Ex-bailarina do Ballet Opera de Paris para estrangeiros.

 “Comecei a dançar muito pequena, mentia para as minhas colegas de aula do ballet que a professora tinha desmarcado a aula para que todas faltassem e eu tivesse aula sozinha!  Sempre achei que só saberia ser bailarina na vida, até que fui convidada para treinar uma menina para um campeonato nos EUA (que ela ganhou) e vi que eu poderia ser boa não só em dançar, mas ensinar as pessoas a dançar e amar o Ballet. Me traz um grande prazer, e hoje eu amo muito o que faço. O ballet é meu alicerce, minha razão de ser feliz. Significa conseguir aliar meu maior  prazer com minha saúde e minha felicidade.”

Os relatos acima mostram que, uma vez estabelecido, o vínculo entre o ballet e o ser humano nunca se extingue. Seja ele um vínculo de sonho e fantasia como o de espectador, ou de suor, decepção e trabalho como de profissionais, uma arte tão marcante merece ser analisada, discutida, estudada, criticada e admirada.

O intrigante do ballet não é somente o fim, o palco, o colar de pérolas já montado, mas sim o processo, a estrada percorrida, essa jornada que molda diferentes personas, histórias e personalidades. O Nas Pontas espera se tornar um ponto de encontro para todos que se indentificarem como apaixonados pelo ballet.

Se você tem uma história legal sobre a sua relação com ballet, manda pra gente nesse email! E podem mandar sugestões de posts também, queremos falar sobre tudo que vocês querem saber!

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Esperamos seus comentários e dicas! Beijos,

Laura e Amanda

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Laura Burity

Laura Burity
A Laura do Nas Pontas.

Pós-graduada em Ensino de Ballet Clássico e pesquisadora de Sapatilhas de Ponta. Fitter formada e especializada pelas principais marcas de ballet do mundo.

Advogada, especializada em Direito do Trabalho e Internacional do Trabalho, com MBA em Gestão Estratégica de Negócios, Especializada em Comunicação e Relações Públicas, empreendedora, pesquisadora e comunicadora de ballet clássico.

Já formou mais de 250 fitters no Brasil, America Latina, Estados Unidos e Europa!